
Título original: Galaxina
Ano: 1980 Direção: William Sachs País: EUA Duração: 90 min Elenco: Dorothy Stratten, Stephen Macht, Avery Schreiber, J.D. Hinton |
Avaliação:![]() |
Nave espacial comandada por mulher robô é enviada a um planeta distante para resgatar um poderoso artefato.
Crítica:
Se você já ouviu falar em Galaxina, provavelmente já ouviu também a respeito de Dorothy Stratten e sua trágica história, que certamente contribuem em grande parte para a curiosidade e o fascínio provocados por esta bizarra comédia espacial. Caso não esteja a par do babado, vamos lá: Dorothy começou sua carreira como playmate da Playboy em 1979, e era empresariada por seu então namorado Paul Snider. Depois da publicação do seu primeiro ensaio, ela fez pequenas participações em alguns filmes de pouca repercussão, e em 1980 foi eleita Playmate do Ano. Cada vez mais em evidência e com uma carreira promissora pela frente, Dorothy foi escalada para o papel principal de Galaxina, produção de baixo orçamento que serviria como mais um veículo para divulgar a modelo e alavancar sua carreira de atriz.
Tudo parecia andar às mil maravilhas. No entanto, durante as filmagens do novo projeto o relacionamento entre Dorothy e Snider já dava sinais de desgaste, e ela acabou iniciando um caso amoroso com o diretor Peter Bogdanovich. Frustrado e tomado pelo ciúme, Snider, que já tinha um comportamento considerado estranho por amigos e conhecidos, conseguiu com que Dorothy fosse encontrá-lo no antigo apartamento do casal. Depois de amarrá-la e estuprá-la, ele deu um tiro na cabeça dela e se matou logo em seguida. Galaxina, que havia sido lançado nos cinemas poucas semanas antes, acabou ganhando um considerável aumento de bilheteria após a morte de Dorothy, e ainda hoje desperta o interesse daqueles fascinados pela história da jovem estrela que teve sua trajetória brutalmente interrompida aos 20 anos de idade.
Mas vamos falar sobre o que realmente interessa, e pra compensar todas essas linhas gastas na introdução, vou direto ao ponto: Galaxina é uma bela porcaria. Não uma totalmente execrável, mas fracassa justamente em seus dois maiores objetivos, que é ser engraçada e servir de vitrine para os talentos de Stratten. Concebido como uma paródia de filmes clássicos de ficção científica, Galaxina basicamente narra a jornada de uma equipe de uma nave-patrulha espacial rumo a um planeta distante com o objetivo de resgatar um artefato chamado Estrela Azul, que aparentemente dá a quem o possui o poder de controlar o universo.
O filme começa com letreiros à la Star Wars, e um texto de nada menos que quatro parágrafos nos informa que o ano é 3008 e que vamos acompanhar a história da tal nave-patrulha, chamada Infinity, e sua comandante androide Galaxina, anunciada como a primeira máquina feita pelo homem dotada de sentimentos. A sequência interminável dos créditos iniciais já mostra como os realizadores estão orgulhosos da cenografia e dos efeitos especiais, interrompendo a exibição dos nomes para admirarmos longas tomadas que mostram lentamente toda a extensão da nave. Essa autocelebração estética poderá ser conferida mais vezes ao longo do filme, com exposições engajadas dos cenários com objetos visivelmente feitos de cartolina e papelão e até mesmo da fita crepe que segura a orelha de borracha de um personagem que satiriza o Sr. Spock.
Depois de explorarmos minuciosamente o exterior e o interior da Infinity, somos apresentados à tripulação, da qual fazem parte o Sargento Thor, o moreno forte e másculo que se exercita fumando charutos, e o piloto Buzz, que está sempre usando um chapéu de caubói e um lenço no pescoço. Os dois passam boa parte do filme trocando olhares intensos, sorrisos carinhosos e conversando MUITO próximos um do outro, ficando bem óbvio que há um lance homoerótico entre eles (como você pode ver nas imagens especialmente selecionadas para ilustrar o texto). Há também o desleixado capitão bigodudo Cornelius Butt, um humanoide alien de orelhas pontudas e asas de morcego chamado Sam, um ancião filósofo asiático e um prisioneiro alien comedor de pedras que é torturado por Butt. E, como não poderia deixar de ser, há Galaxina, a estonteante androide platinada que passa boa parte do seu tempo sentada em sua cadeira brilhante e mexendo nos controles localizados no interior de sua mão. Aliás, o filme explora à exaustão essas duas imagens, repetindo as mesmas cenas inúmeras vezes.
Depois de estacionarem a Infinity num asteroide, uma nave em formato de gavião passa pelas proximidades e Buzz decide ir atrás. Ele, Thor e Butt tentam fazer contato com o piloto da nave, que se revela um vilão com uma máscara parecida com a do Darth Vader. As duas naves travam uma luta de lasers e a nave-gavião acaba indo embora. Mais tarde, Galaxina, que não fala, serve o jantar enquanto os homens da equipe ficam boquiabertos com a sua beleza. Quando Thor tenta tocá-la, recebe um choque elétrico, e o capitão Butt explica que é uma forma de impedir que humanos e robôs se relacionem de maneira imprópria, já que é contra as leias da natureza. Butt então decide comer um ovo espacial nojento, que o faz ficar enjoado e vomitar um alien verde de borracha, que rapidamente sai correndo e se esconde na nave.
A equipe então recebe a ordem de ir a um planeta distante recuperar a tal Estrela Azul, uma pedra preciosa cuja menção em voz alta por algum personagem é sempre seguida do som rompante de um coro celeste. Acontece que só a viagem de ida vai durar 27 anos, e depois mais 27 pra voltar, sendo necessário que a tripulação entre em sono criogênico. Mas a equipe não segue viagem sem antes fazer uma parada num bordel espacial, onde há uma infinidade de fêmeas humanoides e androides cheias de amor intergaláctico pra dar. Enquanto os homens se divertem, Galaxina observa tudo da nave e sente ciúmes de Thor. Com a equipe toda já em sono criogênico, Galaxina se aproxima da câmara de Thor e sussurra que o ama. Depois, o alien que nasceu de Butt, já maior, tenta digitar o código para abrir a câmara de sua “mãe”, sem sucesso. Movida por seu amor, Galaxina passa os próximos 27 anos se reprogramando para tornar-se mais humana. Ela aprende a falar e aumenta sua temperatura corporal.
A equipe finalmente acorda e Thor fica maravilhado com a nova Galaxina. Agora eles já podem se abraçar e se beijar, mas só podem fazer sexo depois de mais 27 anos, quando ela vai poder ser reajustada com o equipamento próprio pra isso. A Infinity volta ser atacada pela nave-gavião e finalmente aterrissa no planeta Altair One, onde está escondida a Estrela Azul. A atmosfera do planeta é caracterizada por um filtro amarelo-alaranjado na imagem, que toma conta do filme por um bom tempo daí em diante. Galaxina se voluntaria para resgatar o artefato, que se encontra em posse do vilão parecido com o Darth Vader. O que acontece depois não é muito empolgante, exceto por um momento engraçadinho em que uma gangue de motoqueiros que parecem integrantes do Village People tentam sacrificar Galaxina num ritual de adoração a uma divindade chamada Harley Davidson (cuja “estátua” é a própria moto), e consequentemente tomar posse da Estrela Azul. Depois de uma tosca batalha final e uma solução rápida e previsível, o filme termina.
O que torna Galaxina uma produção bizarra é que ela almeja ser uma comédia, mas além de ser sem graça na maior parte do tempo, o tom quase sombrio adotado por William Sachs não condiz nem um pouco com a proposta. Em vez de um filme colorido, movimentado e cheio de exageros, o que vemos é uma sucessão de sátiras óbvias de outros filmes e meia dúzia de personagens tentando ser engraçados enquanto perambulam por ambientes que chegam a ser opressivos. Há um investimento na exibição dos cenários vazios e desolados do filme que acaba provocando uma descabida sensação de isolamento e tristeza, o que seria o efeito desejado num filme sério de ficção científica situado no espaço, mas aqui faz com que as piadas que já são sem graça soem ainda mais patéticas. A trilha sonora acaba não ajudando, já que ora é pomposa demais, ora ambiente demais, e às vezes totalmente ausente.
Dito isso, há um ou outro momento divertido aqui e ali, quase sempre por conta da performance mais pastelão de Avery Schreiber como o Capitão Butt. O filme também inclui alguns comerciais que os tripulantes assistem na televisão da nave, que acabam sendo engraçados por causa do humor inofensivamente estúpido. E ser inofensivo, aliás, talvez seja um dos grandes problemas de Galaxina como um todo. As piadas jamais chegam ser grosseiras, por exemplo, e a participação de Dorothy Stratten acaba se revelando surpreendentemente casual e desinteressante. Galaxina, que supostamente deveria ser a irresistível heroína cheia de charme e sensualidade, é a personagem mais apagada do filme. Não acontece nenhuma grande reviravolta depois que a androide se humaniza, e ela continua inexpressiva e sem fazer nada muito digno de nota. E acaba sendo mais culpa do fraquíssimo roteiro que da atuação de Stratten, cuja beleza indiscutível é retratada em diversos planos mas jamais é explorada de maneira satisfatória. Nem ao menos seu corpo é propriamente exibido, já que ela passa o filme praticamente inteiro num traje que a cobre do pescoço aos pés.
Apesar de todas as falhas, Galaxina não chega a ser exatamente cansativo, mas também não é um exemplo de bom entretenimento. Por outro lado, as limitações orçamentárias não são um obstáculo para apreciar o trabalho de cenografia, de maquiagem e de figurino, e o filme deixa claro que se orgulha bastante desses aspectos, o que chega a ser cativante. Tudo muito precário, é verdade, mas com seu charme. Mas se resume a isso. No mais, nada que valha muito a pena correr atrás, a não ser para curiosos e admiradores de Stratten.
Tudo parecia andar às mil maravilhas. No entanto, durante as filmagens do novo projeto o relacionamento entre Dorothy e Snider já dava sinais de desgaste, e ela acabou iniciando um caso amoroso com o diretor Peter Bogdanovich. Frustrado e tomado pelo ciúme, Snider, que já tinha um comportamento considerado estranho por amigos e conhecidos, conseguiu com que Dorothy fosse encontrá-lo no antigo apartamento do casal. Depois de amarrá-la e estuprá-la, ele deu um tiro na cabeça dela e se matou logo em seguida. Galaxina, que havia sido lançado nos cinemas poucas semanas antes, acabou ganhando um considerável aumento de bilheteria após a morte de Dorothy, e ainda hoje desperta o interesse daqueles fascinados pela história da jovem estrela que teve sua trajetória brutalmente interrompida aos 20 anos de idade.
Mas vamos falar sobre o que realmente interessa, e pra compensar todas essas linhas gastas na introdução, vou direto ao ponto: Galaxina é uma bela porcaria. Não uma totalmente execrável, mas fracassa justamente em seus dois maiores objetivos, que é ser engraçada e servir de vitrine para os talentos de Stratten. Concebido como uma paródia de filmes clássicos de ficção científica, Galaxina basicamente narra a jornada de uma equipe de uma nave-patrulha espacial rumo a um planeta distante com o objetivo de resgatar um artefato chamado Estrela Azul, que aparentemente dá a quem o possui o poder de controlar o universo.
O filme começa com letreiros à la Star Wars, e um texto de nada menos que quatro parágrafos nos informa que o ano é 3008 e que vamos acompanhar a história da tal nave-patrulha, chamada Infinity, e sua comandante androide Galaxina, anunciada como a primeira máquina feita pelo homem dotada de sentimentos. A sequência interminável dos créditos iniciais já mostra como os realizadores estão orgulhosos da cenografia e dos efeitos especiais, interrompendo a exibição dos nomes para admirarmos longas tomadas que mostram lentamente toda a extensão da nave. Essa autocelebração estética poderá ser conferida mais vezes ao longo do filme, com exposições engajadas dos cenários com objetos visivelmente feitos de cartolina e papelão e até mesmo da fita crepe que segura a orelha de borracha de um personagem que satiriza o Sr. Spock.
Depois de explorarmos minuciosamente o exterior e o interior da Infinity, somos apresentados à tripulação, da qual fazem parte o Sargento Thor, o moreno forte e másculo que se exercita fumando charutos, e o piloto Buzz, que está sempre usando um chapéu de caubói e um lenço no pescoço. Os dois passam boa parte do filme trocando olhares intensos, sorrisos carinhosos e conversando MUITO próximos um do outro, ficando bem óbvio que há um lance homoerótico entre eles (como você pode ver nas imagens especialmente selecionadas para ilustrar o texto). Há também o desleixado capitão bigodudo Cornelius Butt, um humanoide alien de orelhas pontudas e asas de morcego chamado Sam, um ancião filósofo asiático e um prisioneiro alien comedor de pedras que é torturado por Butt. E, como não poderia deixar de ser, há Galaxina, a estonteante androide platinada que passa boa parte do seu tempo sentada em sua cadeira brilhante e mexendo nos controles localizados no interior de sua mão. Aliás, o filme explora à exaustão essas duas imagens, repetindo as mesmas cenas inúmeras vezes.
Depois de estacionarem a Infinity num asteroide, uma nave em formato de gavião passa pelas proximidades e Buzz decide ir atrás. Ele, Thor e Butt tentam fazer contato com o piloto da nave, que se revela um vilão com uma máscara parecida com a do Darth Vader. As duas naves travam uma luta de lasers e a nave-gavião acaba indo embora. Mais tarde, Galaxina, que não fala, serve o jantar enquanto os homens da equipe ficam boquiabertos com a sua beleza. Quando Thor tenta tocá-la, recebe um choque elétrico, e o capitão Butt explica que é uma forma de impedir que humanos e robôs se relacionem de maneira imprópria, já que é contra as leias da natureza. Butt então decide comer um ovo espacial nojento, que o faz ficar enjoado e vomitar um alien verde de borracha, que rapidamente sai correndo e se esconde na nave.
A equipe então recebe a ordem de ir a um planeta distante recuperar a tal Estrela Azul, uma pedra preciosa cuja menção em voz alta por algum personagem é sempre seguida do som rompante de um coro celeste. Acontece que só a viagem de ida vai durar 27 anos, e depois mais 27 pra voltar, sendo necessário que a tripulação entre em sono criogênico. Mas a equipe não segue viagem sem antes fazer uma parada num bordel espacial, onde há uma infinidade de fêmeas humanoides e androides cheias de amor intergaláctico pra dar. Enquanto os homens se divertem, Galaxina observa tudo da nave e sente ciúmes de Thor. Com a equipe toda já em sono criogênico, Galaxina se aproxima da câmara de Thor e sussurra que o ama. Depois, o alien que nasceu de Butt, já maior, tenta digitar o código para abrir a câmara de sua “mãe”, sem sucesso. Movida por seu amor, Galaxina passa os próximos 27 anos se reprogramando para tornar-se mais humana. Ela aprende a falar e aumenta sua temperatura corporal.
A equipe finalmente acorda e Thor fica maravilhado com a nova Galaxina. Agora eles já podem se abraçar e se beijar, mas só podem fazer sexo depois de mais 27 anos, quando ela vai poder ser reajustada com o equipamento próprio pra isso. A Infinity volta ser atacada pela nave-gavião e finalmente aterrissa no planeta Altair One, onde está escondida a Estrela Azul. A atmosfera do planeta é caracterizada por um filtro amarelo-alaranjado na imagem, que toma conta do filme por um bom tempo daí em diante. Galaxina se voluntaria para resgatar o artefato, que se encontra em posse do vilão parecido com o Darth Vader. O que acontece depois não é muito empolgante, exceto por um momento engraçadinho em que uma gangue de motoqueiros que parecem integrantes do Village People tentam sacrificar Galaxina num ritual de adoração a uma divindade chamada Harley Davidson (cuja “estátua” é a própria moto), e consequentemente tomar posse da Estrela Azul. Depois de uma tosca batalha final e uma solução rápida e previsível, o filme termina.
O que torna Galaxina uma produção bizarra é que ela almeja ser uma comédia, mas além de ser sem graça na maior parte do tempo, o tom quase sombrio adotado por William Sachs não condiz nem um pouco com a proposta. Em vez de um filme colorido, movimentado e cheio de exageros, o que vemos é uma sucessão de sátiras óbvias de outros filmes e meia dúzia de personagens tentando ser engraçados enquanto perambulam por ambientes que chegam a ser opressivos. Há um investimento na exibição dos cenários vazios e desolados do filme que acaba provocando uma descabida sensação de isolamento e tristeza, o que seria o efeito desejado num filme sério de ficção científica situado no espaço, mas aqui faz com que as piadas que já são sem graça soem ainda mais patéticas. A trilha sonora acaba não ajudando, já que ora é pomposa demais, ora ambiente demais, e às vezes totalmente ausente.

Dito isso, há um ou outro momento divertido aqui e ali, quase sempre por conta da performance mais pastelão de Avery Schreiber como o Capitão Butt. O filme também inclui alguns comerciais que os tripulantes assistem na televisão da nave, que acabam sendo engraçados por causa do humor inofensivamente estúpido. E ser inofensivo, aliás, talvez seja um dos grandes problemas de Galaxina como um todo. As piadas jamais chegam ser grosseiras, por exemplo, e a participação de Dorothy Stratten acaba se revelando surpreendentemente casual e desinteressante. Galaxina, que supostamente deveria ser a irresistível heroína cheia de charme e sensualidade, é a personagem mais apagada do filme. Não acontece nenhuma grande reviravolta depois que a androide se humaniza, e ela continua inexpressiva e sem fazer nada muito digno de nota. E acaba sendo mais culpa do fraquíssimo roteiro que da atuação de Stratten, cuja beleza indiscutível é retratada em diversos planos mas jamais é explorada de maneira satisfatória. Nem ao menos seu corpo é propriamente exibido, já que ela passa o filme praticamente inteiro num traje que a cobre do pescoço aos pés.
Apesar de todas as falhas, Galaxina não chega a ser exatamente cansativo, mas também não é um exemplo de bom entretenimento. Por outro lado, as limitações orçamentárias não são um obstáculo para apreciar o trabalho de cenografia, de maquiagem e de figurino, e o filme deixa claro que se orgulha bastante desses aspectos, o que chega a ser cativante. Tudo muito precário, é verdade, mas com seu charme. Mas se resume a isso. No mais, nada que valha muito a pena correr atrás, a não ser para curiosos e admiradores de Stratten.
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